sábado, 13 de janeiro de 2018

Brasil, uma verdadeira miscelânea musical



A música brasileira comercial sofreu diversas alterações com o passar dos anos. No início da era fonográfica, quando as gravações ainda eram mecânicas (1902-1927), as modinhas, os lundus e os maxixes foram os primeiros gêneros gravados e que caíram no gosto popular. Foi também nesta época que nasceu o samba, com a gravação de Pelo Telefone, pelo cantor Baiano, em 1917. Diversos sucessos conhecidos e cantados até hoje surgiram nesta época tão distante. Junto com a chegada da gravação elétrica, a marchinha tornou-se uma febre no Brasil inteiro e até no exterior, principalmente graças à Carmem Miranda. Entre as décadas de 30 e 50 foram imortalizadas milhares delas, que são cantadas até hoje. O samba também sempre teve o seu lugar garantido no sucesso desde então. Por outro lado, o romantismo era constante, com as belas e melodiosas serestas e valsas que faziam muito sucesso, onde através de seus versos geralmente eram retratadas histórias profundas de amor. Nessa época, o tango também estava no seu auge no mundo. Posteriormente, na década de 50, os boleros, as baladas, o baião e o recente samba-canção dominavam a preferência, até surgir a bossa nova no final da década de 50. A música sertaneja já tinha seus diversos ídolos, mas ainda havia um grande preconceito da grande massa, assim como os cantores populares, que nessa época começaram a ser chamados de bregas por cantarem o amor de uma forma melancólica e “exagerada”.
A JOVEM GUARDA
As paradas de sucesso estavam divididas. E ficou ainda mais, com o surgimento da jovem guarda, praticamente junto com o estouro da bossa nova. Ambas eram para públicos distintos. A força jovem começava a dominar o Brasil nos costumes e claro, na música. Diversos artistas e grupos de muito sucesso se lançaram e fizeram história. Cada período foi representado por gêneros diferentes. E graças à isso, hoje cada um se identifica com o período e estilo que mais lhe representa. Na época do golpe militar de 1964, a bossa nova já não era tão apreciada como antes. Enquanto isso, as paradas prosseguiam com as dores de cotovelos dos artistas populares brasileiros, as canções italianas, francesas e principalmente, a jovem guarda que estava no seu auge. No período da ditadura militar, surgiram as canções de protesto, que embora muitas vezes proibida pela censura, eram muito apreciadas, servindo como um grito de liberdade à quem era contra as ações do governo autoritário.
Nessa mesma época, surge mais um movimento, a tropicália, e com ela diversos artistas que são consagrados e respeitados até hoje. O rock que havia surgido na década de 50 com o Bill Halley, Elvis Presley, Little Richard, entre outros, continuava ganhando cada vez mais fãs. Muitos artistas e bandas continuavam surgindo, tanto internacionalmente como nacionalmente. O som psicodélico e o folk também tinham o seu espaço. Enfim, cada vez mais a miscelânea de gêneros tomavam conta das rádios AMs e dos toca-discos das famílias. Já havia muita coisa, que é incabível listar aqui. O pop e o rock americano fazia muito sucesso no Brasil e dividia as paradas com as canções nacionais. Grandes e importantes festivais foram promovidos nestas épocas. E teve duas coisas que não caíram com o passar dos anos: a preferência pela música popular, o carnaval e o samba, além, claro, do sertanejo, que aos poucos foi conquistando mais espaço e visibilidade.
OS BRASILEIROS AMERICANIZADOS
Na década de 70, junto com as calças boca de sino, as camisas volta ao mundo e os saltos plataforma, os brasileiros surgiram com mais uma moda (e que deu certo): a de cantar inglês!
Muitos artistas criaram um nome artístico americano e gravaram músicas que caíram no gosto popular e fizeram muito sucesso, inclusive no mundo, como é o caso do Morris Albert, com a canção Feelings, o grande chefão da turma brasileira americanizada dos anos 70. A canção teve dezenas de regravações no mundo todo e dominou as paradas inclusive nos EUA, o que até então não havia ocorrido com cantores brasileiros.
Roberto Carlos nessa época já era considerado o maior expoente da nossa música. E não é pra menos, pois no final de cada ano o cantor lançava um disco com canções de alta qualidade, tanto na melodia como na letra, e dali pelo menos metade do long play era sucesso garantido. Além disso, era muito reconhecido e respeitado por toda a América Latina, através das versões em espanhol dos seus sucessos. Já havia ganho o festival de San Remo na Itália, em 1968, gravado em várias línguas, enfim. E isso continuou. Hoje somam-se centenas de sucessos em diversas línguas, além de outras belas composições gravadas por outros artistas.
DISCO MUSIC
Na segunda metade da década de 70, a disco music invade as paradas e as pistas de dança do mundo, inclusive no Brasil. Como não poderia ser diferente, a mania foi abraçada pelos brasileiros, sendo lançados diversos artistas brasileiros nessa época cantando o gênero.
A década de 80 continuou sendo uma miscelânea total. A música sertaneja teve o seu auge e várias duplas de sucesso atingiram o estrelato, o rock nacional e internacional comandou as paradas, a música popular e romântica continuou sendo apreciada, as trilhas de novelas, principalmente internacionais, estavam entre as mais vendidas nas lojas de discos, o reggae, o pop, o ítalo-dance, o axé, o forró e o samba também tinham o seu público. Por fim, vem a década sertaneja e pagodeira, os anos 90. O pagode teve o seu auge e o sertanejo seguiu sendo muito apreciado pelos brasileiros, sem afetar o rock, o reggae, o pop e tantos outros gêneros já citados aqui que continuaram ganhando ouvintes de geração em geração.


Escute o clássico brasileiro, “Aquarela do Brasil”, gravada originalmente pelo Rei da Voz, Francisco Alves, em 1939.

https://www.youtube.com/watch?v=H-y8TS7jbpY 




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