domingo, 14 de janeiro de 2018

Indústria Fonográfica: Os primeiros passos no Brasil



Todo mundo sabe que textos em internet não devem ser extensos, mas sim breves e objetivos. Ao contrário, o negócio fica cansativo. Só que quando se fala em música, suas curiosidades, informações técnicas de materiais/gravações e biografias dos artistas, o assunto se torna imenso, pois há muita coisa a ser contada. Se eu fosse falar de tudo que sei, precisaria de muitos livros. Então, para facilitar e resumir o máximo que posso, vou abordar primeiro a música brasileira dividindo cada postagem por décadas e a partir de 1928, por ano, pois é quando a gravação elétrica começa no Brasil, como também a difusão do rádio, que até então nem se falava.

Vamos começar pelo começo, certo?
A história da música comercial do Brasil começou através da Casa Edison, que foi a primeira casa gravadora do Brasil e da América do Sul, fundada em 1900 pelo emigrante tcheco de origem judaica, Fred Figner, no Rio de Janeiro. Até 1902 apenas importava e revendia cilindros fonográficos, utilizados nos fonógrafos, que foi um aparelho inventado em 1877 por Thomas Edison, para a gravação e reprodução de sons através de um cilindro, sendo o primeiro equipamento capaz de gravar e reproduzir sons, e também discos, utilizados nos gramofones, invenção do alemão Emil Berliner, de 1888. O aparelho servia para reproduzir som gravado utilizando um disco plano, que se tornou mais aceitável que o cilindro fonográfico, tornando-se o meio de armazenamento de áudio padrão utilizado durante décadas desde então. 

Em 1902, começaram as gravações musicais no Brasil. A primeira música brasileira gravada no país foi o lundu Isto é Bom (Xisto Bahia), interpretado pelo cantor Baiano, o pioneiro e um dos principais cantores das primeiras gravações no Brasil, ao lado de Eduardo das Neves e Mário Pinheiro. Baiano, que antes da reforma ortográfica de 1943, se denominava Bahiano, gravou muitos discos até a década de 20, imortalizando várias modinhas, lundus e também o primeiro samba gravado no país, Pelo Telefone (Donga e Mauro de Almeida), gravado por ele em 1917. Em 1927, a gravadora Casa Edison passou a gravar pelo selo Parlophone, até que em 1932, saiu da indústria fonográfica, passando a operar em outros fins. 
 
BAIANO
Baiano era o nome artístico de Manuel Pedro dos Santos. Ele nasceu em 1870 e faleceu em 1944. Cantor brasileiro reconhecido pelo seu pioneirismo nas gravações fonográficas, na sua época ainda mecânicas, sendo o escolhido a gravar o primeiro disco para gramofone no Brasil. Ainda em 1902, gravaram Banda da Casa Edison, Os Geraldos e Senhorita Odette.
Ouça abaixo, Isto é Bom, o primeiro passo, o primeiro registro para o que com o tempo só cresceu: a indústria fonográfica. Vale a pena saber que no início de toda gravação no fonógrafo era anunciado o nome da música, o cantor e a gravadora.
Obs: Deve-se levar em conta as limitações da época, que em nada se compara com a tecnologia atual. Na época não havia nem energia elétrica, muito menos os incontáveis recursos existentes hoje em dia. Além disso, os cantores tinham que cantar vários tons acima para que a gravação ficasse mais perfeita possível. São curiosidades que encantam, afinal, tudo tem um começo e feliz de quem enxerga beleza nas coisas simples.
Pelo Telefone foi regravada por vários artistas e é lembrada até hoje, assim como Luar de Paquetá, que é minha favorita do repertório do Baiano.

Ouça:
Isto é Bom – Lundu, 1902, Bahiano.

Pelo Telephone – Samba, 1917, Bahiano

Luar de Paquetá – Fado-tango, 1922, Bahiano

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